sábado, 22 de dezembro de 2012

Marcelle Sauvageot


Uma leitora do blog, a Ariane, me sugeriu falar sobre essa escritora francesa que publicou um único livro em sua curta vida, Laissez-moi. O material sobre sua vida é bem escasso, mas tentei colocar aqui o máximo de coisas que encontrei.


Nascida em 1900, em Charleville (Ardenas), Marcelle Sauvageot foi professora associada na Faculdade de Letras no colégio de meninos de sua cidade. Aos vinte e poucos anos ela caiu doente com tuberculose e uma série de longas estadas em sanatórios: primeiro, Tenay em Hauteville-Ain, onde foi parar depois de uma desilusão amorosa, e, mais tarde, em Davos, Suíça, o seu lugar de descanso final. Sauvageot Marcelle morreu em 3 de janeiro de 1934. Seu corpo encontra-se no cemitério de Trésauvaux na Meuse, Lorena, onde sua família se originou.


Ela deixa um legado de trabalho único. Sua primeira obra foi apresentada a um editor três anos depois de escrita, sem ao menos ter um título. O texto (escrito de ensaio íntimo, um romance autobiográfico ou carta de ficção?) foi inicialmente distribuído fora do circuito comercial, com 163 cópias, um ano antes de sua morte. Ele foi bem recebido pelos poucos destinatários na comunidade literária e artística em Paris, como Paul Valéry, Paul Claudel, René Crevel, Henri Rambaud, Robert Brasillach, Jacques de Bourbon Busset, Henri Focillon, Henri Gouhier. O título usado foi muito simples: Comentário.

Pra quem é fluente no francês, taqui um vídeo onde se discute a obra de Marcelle.

Neste livro, Marcelle Sauvageot está atenta aos sussurros da alma, a sutil destruição amorosa, a hipocrisia dos homens. "Comentário deve ter uma data na literatura feminina" Clara Malraux escreveu em suas memórias, "primeiro livro escrito por uma mulher livre de submissão, preciso como um olhar masculino, o olhar surgido como amigo-inimigo sem servilismo". O texto está engajado nessa mistura de lucidez e sensibilidade. "Um pequeno volume tão amargo, tão puro, tão nobre, tão lúcido, tão elegante, tão grave e tão alto, com uma visão tão desolada e rasgada. Fico quase tentada a dizer que esta é uma das obras-primas da escrita feminina", diz Paul Claudel.

O livro, reimpresso muitas vezes, tem sido associado a títulos diferentes. É especialmente publicado em 1997 sob o título Commentaire : récit d'un amour meurtri, e, em 2004, sob o título Laissez-moi : commentaire.

Pra quem se interessou, dá pra ler o e-book em pdf, eu ouvir o livro. Tudo em francês, pq pelo que pude verificar não há tradução da obra para o português.



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