quinta-feira, 3 de maio de 2012

Nise da Silveira



Nise da Silveira nasceu em Maceió, em 1905. Seu pai era jornalista e diretor do jornal de Alagoas. Completou os estudos básicos num colégio de freiras, e aos 16 começa o curso de medicina na faculdade da Bahia. Cinco anos depois ela era a única mulher a se formar, entre 157 homens. Nessa época, casa com um sanitarista, colega de faculdade. Os dois passariam a vida toda juntos.


Quando seu pai morre, em 1927, muda-se com o marido para o Rio de Janeiro, onde se engaja no meio artístico e literário. Aos 27 anos é aprovada num concurso para psiquiatra, e no ano seguinte começa a trabalhar no Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental do Hospital de Praia Vermelha.


Em 1935, quando houve o levante comunista contra o governo do Getúlio, uma enfermeira denunciou Nice pras autoridades, por ela ter livros marxistas consigo. Isso a levou à prisão, em 1936, por 18 meses. Nesse presídio, o Frei Caneca, também estava Graciliano Ramos, e foi assim que Nice se tornou uma das personagens de Memórias do Cárcere.


De 1936 até 44 permanece na semi-clandestinidade com o marido, por razões políticas. Nesse tempo ela mergulha nas leituras de Espinosa. Em 1944 ela é reintegrada ao serviço público, onde ela retoma sua briga pelo bem estar dos pacientes, recusando-se a aplicar eletrochoques. É afastada pra área da terapia ocupacional, atividade menosprezada pelos médicos.


E foi na terapia ocupacional que Nise deu o pulo do gato. Em 1946 fundou, no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, a Seção de Terapêutica Ocupacional. Os pacientes, que exerciam tarefas de manutenção e limpeza, agora podiam frequentar os recém abertos ateliês de pintura e modelagem, possibilitando um tratamento mental através do arte. Esse método revolucionou a psiquiatria então praticada no país.


Em 1952 ela funda o Museu de Imagens do Inconsciente, onde expõem os trabalhos realizados pelos internos. Em 56 criou a Casa das Palmeiras, clinica voltada a reabilitação de antigos pacientes de clínicas psiquiátricas. Foi também pioneira na utilização de animais no tratamento dos pacientes.


Em 1954 ela escreveu pro Jung, falando sobre a recorrência do tema das mandalas nas pinturas de seus pacientes. Foi o início de uma produtiva correspondência, e em 57 ela expôs em Zurique, no II Congresso Internacional de Psiquiatria, a convite do próprio Jung. Ele a orientou a estudar mitologia para compreender melhor os trabalhos dos internos.


Incrível, né? Aí na frente eu coloquei uma série de três entrevistas com ela. Foi o que consegui achar de melhor no youtube.




Está previsto um filme sobre a vida de Nise, a ser lançado em 2013, com direção de Roberto Berlinder. Quem a interpretará será Glória Pires. Nada mais justo esse reconhecimento a uma mulher tão importante pra área da saúde mental, que faleceu em 1999.


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