quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Forty Elephants

O Caio me mandou esses dias um link de um site de português, que contava a história de uma gangue inglesa do início do século XX formado por mulheres. Pirei nessa idéia de uma gangue feminina, então fui pesquisar mais. Infelizmente as fontes são terrivelmente escassas. Então eu decidi não escrever sobre o grupo, mas reproduzir o ótimo texto que a Diana Ribeiro escreveu para o site Obvious. Talvez eu seja somente um grande preguiçoso, mas é que o texto dela ficou bom mesmo.

Uma das Forty Elephants, Florrie Holmes.

As “Forty Elephants” eram o maior pesadelo dos lojistas de Londres. Este gang, contrariamente ao habitual, era constituído e liderado por mulheres que assaltavam as grandes casas de comércio de luxo. Ficaram tão conhecidas e temidas (sobretudo na década de 20 do século passado), que “expandiram o negócio” para o resto do país. Os artigos roubados serviam para pagar os vestidos de seda que gostavam de usar e as grandes festas que organizavam nos pubs e nos clubes da moda.

Consta que o grupo foi criado em 1873 e se manteve activo até 1950. Porém, alguns testemunhos afirmam que já existia desde o século XVIII. A sua história foi recentemente descortinada por Brian McDonald, no livro “Gangs of London” (Dezembro de 2010). Sobrinho de antigos líderes do gang “Elephant and Castle”, conta também como os seus tios estiveram envolvidos na maior operação de furtos de Inglaterra.

“As Forty Elephants” aproveitavam a sua condição feminina para facilmente roubar os objectos. Brian explica no livro como o faziam: entravam nas lojas, fechavam-se nos provadores de roupa e iam vestindo as peças umas sobre as outras. É claro que quando saiam estavam visivelmente “mais gordas”. Mas nesta época havia um grande pudor em revistar as mulheres e os donos nada faziam. De seguida, iam até ao pub mais próximo, onde as despiam e entregavam a outros elementos que as esperavam cá fora, protegidas por homens armados. Esses vestidos, casacos, saias, smokings, chapéus e jóias eram transaccionados com feirantes e casas de penhores, para além de outras lojas que substituíam as etiquetas e faziam remodelações nas roupas.

Maggie Hughes, também das Forty Elephants, foi presa em 1923 por roubar anéis de diamantes.

Eram os seus aliados “Elephant and Castle”, (liderado pelos irmãos McDonald), que tratavam da venda. Em 1910, a casa de Ada McDonald foi inspeccionada pela polícia. Encontraram nos quartos vários desses objectos roubados. Porém, ela não perdeu a calma e apresentou as facturas de todas as peças. Falsas, claro, mas que convenceram os agentes.

Elephant and Castle - as Forty Elephants aliaram-se a vários deles nas suas operações.

Na década de 20, usavam também carros para escapar. Se por acaso fossem alcançadas, nada levavam consigo. É que a mercadoria já tinha sido levada para outros carros, conduzidos pelos seus aliados. Nesta época, o gang foi liderado por Annie “Diamond”. Tinha 20 anos e era conhecida pelo seu punho certeiro: deixava a cara de quem alcançasse marcada pelos seus anéis de diamante. Foi apelidada pela polícia como “o mais inteligente dos ladrões”. Em Londres, apenas ao avistar-se qualquer elemento das “Forty Elephants” o pânico instalava-se. Annie organizou então o grupo e dividiu-o em pequenas células para realizar vários assaltos ao mesmo tempo e em vários pontos do pais.

imagem da direita - Alice Diamond, a rainha do gang em 1916. Era conhecida como 'Diamond Annie', porque os anéis de diamantes que usava nas mãos deixavam grandes marcas quando dava murros.

 Acabou por ser presa, sempre com nomes falsos. Assim que era libertada, voltava ao gangue. A sua melhor amiga, Maggie Hughes, foi apanhada com apenas 14 anos e esteve presa durante três, por roubo de anéis de diamante. A maior parte destas mulheres pertencia a famílias muito pobres onde o pai não trabalhava. “Tinham pouca educação, mas vontade de subir na vida”, refere Brian. “Sonhavam com um estilo de vida igual às estrelas de cinema de Hollywood, cheia de glamour. Queriam imitá-las”.
 
 
Todos os créditos de texto e foto para Diana Ribeiro.
http://obviousmag.org/archives/2011/09/forty_elephants_o_temivel_gang_feminino.html


Rebecca Ward

Citando uma nota da revista Trip:
"Uma obra que pode ser lida como um diálogo entre a linha e o espaço. Em instalações únicas e específicas, a obra de Rebecca Ward utiliza linhas, eixos e ângulos para gerar um movimeno linear inerente à arquitetura. A partir de minuciosos levantamentos e medições, Rebecca Ward gera formas e padrões ao mesmo tempo assimétricos e balanceados."






E ela tem também umas esculturas.









E também umas pinturas.







Tem mais no site da moça. Bom proveito!
http://www.rebeccasward.com/

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Cris Cyborg



Pelo que eu percebo, foi nesse ano de 2011 que o MMA se tornou mais popular aqui no Brasil, né? Bem, é que não me lembro das pessoas marcarem de ir ver lutas nos anos anteriores. Mas, enfim, esse negócio de porrada no ringue veio pra ficar. Então vou postar umas lutas de uma mulher que bate muito. A curitibana Cristiane Justino Venancio Santos. Ou, como é conhecida no mundo da luta, Cris Cyborg.

Meu, vai por mim, a mina luta muito. Dá uma olhada nesse vídeo de compilação.


 Eu fico pensando: "Mano, ela é mais nova que eu, mas se eu marcar na frente dela, tomo porrada até chorar!". Pois é, ela é novinha, nasceu em julho de 1985, e já foi jogadora de handebol e era atleta de heptatlo, treinando Muay Thai nas horas vagas.

"Na verdade eu sou uma pessoa sem “limites”, quando eu quero alguma coisa vou até o fim para conseguir, e desde o começo sempre gostei de treinar e sempre me dei bem no esporte e o meu sonho era mesmo viver do esporte então juntei o útil ao agradável."

Em 15 de agosto de 2009, Cristiane venceu por nocaute a norte-americana Gina Carano, invicta até então, conquistando o cinturão da categoria 66 kg no torneio Strikeforce.


Em 30 de janeiro de 2010, em sua primeira defesa de título, derrotou a holandesa Marloes Coenen, também por nocaute


Em junho de 2010 defendeu com sucesso, pela segunda vez, o cinturão do Strikeforce derrotando também por nocaute a lutadora estadunidense Jan Finney.


Desde então não lutou mais, principalmente por falta de adversárias que possam desafiá-la.

Não é doido isso?

Ela é tão foda que, tipo, não tem pra ninguém!

E aí, alguém aceita o desafio?



http://www.criscyborg.com/Home.html


domingo, 25 de setembro de 2011

Pipilotti Rist


Hoje a Folha citou uma performance da Pipilotti, e eu estou aqui pra tentar saber um pouquinho mais sobre ela. Vamos lá. Nascida Elisabeth Charlotte Rist na Suíça, em 1962, mudou seu nome em homenagem à personagem Pippi Longstocking, da série de livros de Astrid Lindgren. Estudou artes na universidade de Viena, e Vídeo na universidade de Basel.


Começou fazendo filmes em Super 8, de poucos minutos. Suas experimentações se davam em torno das cores, sons e velocidade da imagem. Achei uns vídeos no youtube, acho que dá pra sentir qual a pegada do seu trabalho.


[Vejam o vídeo desse link aqui: http://www.youtube.com/watch?v=AGoAPGSdxhM&feature=fvst
É ótimo, mas não consegui postar nem fodendo]


Foi integrante - entre 1988 e 1994 -  da banda performática, multidisciplinar, formada só por mulheres, chamada Les Reines Prochaines. Com canções compostas em tom provocatório de cabaré vanguardista, transitam entre o punk e o blues, entre o a música popular sueca, o tango e o rock. Essa experiência musical é crucial, e é evidente a importância que a música tem, até hoje, em sua obra.


Em 2009 lançou seu primeiro filme, Pepperminta. O trailer é uma beleza, cheio de cores e situações nonsense. Preciso baixar, deve ser uma maluquice muito legal.


Citando a crítica da Bravo, Gisele Kato:
"Diante de uma obra da suíça Pipilotti Rist, tem-se quase sempre a sensação de entrar em um sonho. Ou de voltar à infância, quando cenários coloridos e grandiosos são suficientes para ativar a imaginação. Com o tempo, em um mundo tomado por imagens, parece que desenvolvemos uma espécie de imunidade aos apelos visuais. Por isso, conhecer Pipilotti torna-se algo tão marcante. Suas videoinstalações conseguem furar a barreira da indiferença e proporcionam ao espectador uma experiência singular. Com projeções que tomam paredes inteiras dos espaços expositivos, trilhas sonoras e tons saturados, a artista explora os limites entre o racional e intuitivo, o físico e o psicológico. Esqueça portanto os vídeos exibidos em telas planas, ainda comuns entre os que trabalham com a linguagem audiovisual. Um clima de fantasia domina sua obra.
(...)
Mas não se engane. Nem só de ironia e emoção alimentam-se as obras de Pipilotti. Ela fala de questões femininas, entre elas o jeito como as mulheres lidam com o próprio corpo e temas ligados à sexua­lidade. "Acho que ela trabalha de uma maneira interessante as políticas de gênero, sem cair num discurso enfadonho ou partidário: a favor da mulher, contra os homens", diz Giselle Beiguelmann, artista multimídia e diretora artística do Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia, promovido em São Paulo há nove anos. Pipilotti Rist sabe ao mesmo tempo despertar sensações e tocar em assuntos sérios. Esbanja ainda habilidade para circular em diversas mídias, da música ao cinema, e assim faz uma arte com a cara do nosso século."




Ah, não deixem de passear no site dela, é bem legal: http://www.pipilottirist.net/

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Marcha das Vadias


A atenção de muita gente aqui em Campinas está toda voltada para a manhã de sábado, onde, a partir das 10 horas, em frente à Catedral Metropolitana, terá início a Marcha das Vadias Campinas. O evento terá uma performance apresentada por Filipe Espindola e Sara Panamby intitulada "Vulva Quae Sera Tamen" - imperdível - e logo em seguida a passeata percorrerá o trajeto do centro, explicitando a toda a população que a mulher não é responsável pela violência sexual, mas sim o agressor. Levantando a bandeira da união e solidariedade entre as mulheres, trata-se de uma afirmação radical de feminismo, que pode - e deve - ser apoiada por por todos.

Marcha em Vancuver

Mas vamos falar um pouquinho sobre o histórico da marcha, que é um negócio super recente, deste ano mesmo. Assim como na nossa querida Unicamp, os índices de estupro em uma universidade em Toronto, Canadá, começaram a aumentar assustadoramente. Foi então que, numa palestra ministrada na universidade, por um policial, foi dito que as mulheres deveriam evitar se vestir como putas, para não se tornarem a próxima vítima.

Ala das Vadias na passeata contra os estupros, em Barão

Mano, daí não deu outra. As estudantes decidiram se rebelar contra essa mentalidade machista e estúpida, que infelizmente é mais que comum. A idéia é, foda-se se a garota está de mini saia, isso não dá o direito de nenhum cara passar a mão na bunda dela. E foda-se se a garota está andando pelada na rua, isso não dá o direito de ninguém tocar nela sem permissão. É foda, porque isso é o básico de respeito. O básico, que ainda é negado às mulheres, em pleno 2011! A primeira marcha, em Toronto, rolou dia 3 de abril desse ano, e levou 3 mil pessoas às ruas. E as mulheres foram caracterizadas como Slut. Tipo, "qual o problema, o corpo é meu, faço o que eu bem entender".

Marcha em São Paulo

A partir daí a Marcha se espalhou rapidamente. Também graças às redes sociais, mas principalmente pela urgência com que milhares de mulheres do mundo todo estavam de gritar pela liberdade e controle sobre o próprio corpo. A Marcha já passou por Los Angeles, Chicago, Buenos Aires, Amsterdã, Lisboa, Nova Zelândia e outros lugares. No Brasil, a primeira Marcha foi em São Paulo, em 4 de junho, onde compareceram cerca de 300 pessoas. Já rolou também em Recife, Fortaleza, Belo Horizonte e em Brasília.

Performance na Marcha em Seul, na Coréia do Sul

Então todo mundo já sabe onde estar no sábado de manhã, né?


Marcha das Vadias – Campinas

Data: Sábado, 24 de setembro de 2011
Horário: A partir das 9 horas, saída da marcha, 11 horas
Local: Em frente a Catedral, no Centro de Campinas
Para mais informações, veja o site http://marchavadiascampinas.wordpress.com/



domingo, 18 de setembro de 2011

Guerrilla Girls




Conheci o Guerrilla Girls lá no Cento Cultural de Belém, em Portugal, a uns dois anos. Uma exposição incrível de trabalhos de mulheres do mundo todo, pontuada por vários banners com frases feministas de efeito.

Elas só se apresentam em público com máscaras de gorila e usam pseudônimos para homenagear grandes mulheres - pintoras, fotógrafas, escritoras, artistas de diversas épocas, nacionalidades - mas mortas, como Paula Modersohn-Becker, Rosalba Carriera, Georgia O’Keeffe, Anais Nin, Meta Fuller, Tina Modotti, Diane Arbus. Completando, ainda bradam um slogan: "Reinventando a palavra com ‘F’ - feminismo!"

O Guerrilla Girls, coletivo criado em Nova York em 1985, vem fazendo há tempos seu barulho no cenário das artes com sua atitude heterodoxa, panfletária e aos moldes do espetáculo. Em 2005, um dos marcos da trajetória do Guerrilla Girls foi a participação na 51.ª Bienal de Veneza, com curadoria das espanholas Maria de Corral e Rosa Martinez. Vestidas com suas roupas de guerrilheiras e de máscara de gorila, elas instalaram na cidade italiana grandes banners com suas mensagens e pesquisas. Mas as ações do grupo não se encerram apenas nas performances/apresentações. Elas escrevem livros, criam projetos para museus e objetos como pôsteres, camisetas, adesivos que podem ser comprados através do site do grupo (www.guerrillagirls.com) a preços na faixa dos US$ 20. Mais ainda, desde 2001 o grupo se dividiu em três ramos separados: há as ações ativistas do Guerrilla Girls (com apenas cinco integrantes); existe o chamado Guerrilla Girls On Tour, coletivo de teatro; e o GuerrillaGirlsBroadband, com ações na internet.
" Vamos nos lembrar que o conceito de direito das mulheres tem apenas 150 anos. Sempre foi dois passos para frente e um para trás, mas o feminismo está mudando a vida das mulheres no mundo - muito, muito devagar na maioria dos lugares e, significantemente, em outros. O feminismo está também mudando no campo dos estudos, com pesquisas que englobam toda a sociedade. A propósito, consideramos ridículo que muitas pessoas que acreditam nas doutrinas feministas (pagamento equalitário para o trabalho, liberdade sexual, direitos humanos para as mulheres em todo o mundo, incluindo o direito à educação) têm sofrido uma lavagem cerebral por causa de estereótipos negativos na mídia e na sociedade e se recusam a se chamar, eles mesmos, de feministas. E homens, isso significa vocês também. É hora de intensificar, seja você mulher ou homem, trans, etc., e falar pelas mulheres. Os direitos femininos, os direitos civis, os direitos dos gays são os maiores direitos humanos, o movimento de nosso tempo"


"Recentemente, nós - as agitadoras outsiders - acabamos dentro dos museus que criticamos, como o MoMA de Nova York, a Tate Modern, em Londres. Mas continuamos fazendo projetos de rua ao redor do mundo, como em Roterdã, Cidade do México, Belfast, Bilbao, Istambul, Atenas, Xangai e Montreal, onde colocamos nossos pôsteres sobre os discursos agressivos contra mulheres de todas as idades. Nós decidimos participar de exposições e apresentações em museus porque queremos que nossa mensagem chegue ao público mais amplo possível e acreditamos que é ótimo criticar uma instituição em suas próprias paredes. Na Bienal de Veneza, exibimos seis grandes banners sobre a histórica discriminação da própria Bienal e dos museus de Veneza. Mais de 1 milhão de pessoas visitaram a nossa exposição atual no Centre Pompidou, em Paris. Sempre que nosso trabalho aparece em uma instituição como essa, recebemos toneladas de e-mails de pessoas falando que nosso trabalho lhes mostrou algo que elas nunca souberam sobre arte e cultura, e que nós as inspiramos a realizar o seu próprio, louco e criativo ativismo"





Asia Argento



Aria Asia Anna Maria Vittoria Rossa Argento.






Nascida em 20 de setembro de 1975, em Roma, filha da atriz Daria Nicolodi e do diretor Dario Argento, Asia foi uma criança depressiva e solitária. Introspectiva, aos oito anos publicou seu primeiro livro de poemas. Aos nove faz uma participação num filme Sergio Citti, e também em Demons 2, escrito e produzido pelo pai. Aos quatorze, fugiu de casa. 






Sua relação com os pais é complicada. Principalmente com o pai, com o qual Asia nunca se sentiu próxima. Ela afirma que não começou a atuar por vocação, mas para chamar a atenção de seu pai ausente. Aos dezoito protagonizou um filme dirigido por Dario, Trauma.






Mesmo com essa pretensão bastante particular, seu talento como atriz era inegável. Aos 19 recebe o premio Donatello, na Itália, por sua atuação Perdiamoci di vista!, mesmo ano em que ela participa da produção francesa Rainha Margot. A partir daí já trabalhou com Abel Ferrara, George Romero, Gus Van Sant e Sofia Copolla. Tem uns filminhos mais pop no currículo, como Triplo X, mas é no cinema independente que se dá melhor.






Em 2000 dirige seu primeiro filme, Scarlet Diva, um doc semi documental filmado em digital. E em 2004 lança Maldito Coração, seguindo sua pegada fortemente autoral e underground. 






Em 2001 teve seu primeiro filho com o roqueiro Marco Castoldi.






Em 2007 casou com o diretor Michele Civetta, com quem teve sua segunda filha.




Taqui o site dela, pra quem quiser saber um pouquinho mais: http://www.asiargento.it/