quarta-feira, 11 de maio de 2011

Carla Camurati



Hoje eu entendo que as coisas não são bem assim, mas durante muito tempo pensei que a retomada do cinema brasileiro tivesse acontecido só por causa da Carla Camurati e o seu fantástico Carlota Joaquina – Princesa do Brazil. Mesmo sabendo que o filme não surgiu simplesmente do nada, Camurati ainda é considerada – e não somente por mim – como a cineasta que criou o filme responsável pela nova onda do cinema nacional.



Sua primeira relação com as artes começa na escola de freiras onde estudou, numa montagem de O Auto da Compadecida. Começou a cursar biologia da faculdade mas largou pra fazer teatro, o que não rolou, já que não passou no vestibular por causa de matemática. Mesmo assim, começa a trabalhar como atriz, mesmo não tendo nenhum tipo de formação.



Sua relação com o cinema começou em 1981, com o drama erótico O Olho Mágico do Amor, filme de estréia dos parceiros José Antonio Garcia e Ícaro Martins, situada na Boca do Lixo – famosa rua do Triunfo em São Paulo, onde se agregavam produtores, distribuidores e exibidores. Carla Camurati torna-se então musa da dupla, com quem realiza uma trilogia composta ainda pelos filmes `Onda Nova` e `Estrela Nua`. Na época, com 21 anos, ela ganhou o prêmio de melhor atriz coadjuvante no festival de Gramado. Com esse precoce êxito nas mãos, foi fazer novelas na globo, sem contudo abandonar o cinema. Em 1987 escreve, dirige e estrela seu primeiro curta metragem, A Mulher Fatal Encontra o Homem Ideal, ganhando prêmios em Brasília e no Rio. Infelizmente eu não consigo achar esse curta em lugar nenhum. Em 1988 interpreta a escritora e jornalista Patrícia Galvão, a Pagu, no primeiro filme dirigido por Norma Benguell, Eternamente Pagu. Por este trabalho, recebe o prêmio de melhor atriz em Gramado.


Os trabalhos no cinema e na televisão continuam sem grandes surpresas, até que em 1992, época em que o Collor havia acabado com empresa estatal de cinema, ela inicia os preparativos para Carlota Joaquina – Princesa do Brazil, que seria filmado no final de 93 e início de 94, todo feito com grana de publicidade de empresas, e lançado em 95. Quando estreou, Carlota fez um sucesso danado com seu humor ácido e produção caprichada, atraindo um milhão e meio de espectadores numa época que ninguém parecia disposto a ir ao cinema ver filme brasileiro.  



“A premiação de Carlota foi o público. Não faço filmes para festivais. Nunca caço festival, tanto que nem me inscrevo neles. [...] O Brasil é um país ótimo pra mim, não tenho reclamações. Aliás, não tenho a menor vontade de trabalhar no cinema americano, não tenho o menor desejo de ganhar um Oscar, do fundo do meu coração. Meu ego não se satisfaz por aí. Na verdade, sou mais ambiciosa, preciso de mais. Oscar pra mim é fila na porta do cinema, e de público brasileiro. Os meus filmes são fruto do meu país e do apoio cultural dado aqui.”

Após esse estrondoso sucesso, Carla Camurati se dedica a montagem de uma ópera, La Serva Padrona, de Giovanni Battista Pergolesi, em 1997. Gosta tanto da experiência que decide realizar o primeiro filme-ópera do Brasil no ano seguinte, com título homônimo. Abraçando de vez a ópera, monta em 1999 Madame Butterfly de Puccini, em 2001, Carmen de Bizet, em 2003 O Barbeiro de Sevilha de Rossini e em 2007 Rita de Donizetti.  Em 2001 lança Copacabana, uma beleza de filme com o Marco Nanini, que trata de envelhecimento e amizade.




Em 2007 assumiu a presidência da Fundação do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sendo a responsável pela reforma que durou dois anos e meio. Nada mau, einh.


4 comentários:

  1. Bill, tá uma fofidão a idéia desse blog. Acho digníssimo e espero que atender a padrões estéticos não seja um critério na sua seleção, hehehe. :)

    Tô acompanhando e aproveito pra saber se vc conhece o www.blogueirasfeministas.com

    Escrevi há umas semanas lá um texto sobre a Cris Cyborg, lutadora de MMA, vale a pena vc conhecer!

    (e tem um texto no meu mulheralternativa.net sobre mulheres na ciência com um link pra um ebook cheio de fodonas da ciências - tipo o programa de computador foi inventado por uma mina, sabia?)

    beijao

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  2. Olá, cheguei aqui via Mari (linda, linda aí em cima). Gostei muito da proposta do seu blog....em março desse ano um dos meus blogs recebeu textos de vári@s colaborador@s sobre mulheres de destaque. Foi um prazer e uma descoberta ler os textos lá, tenho esperança que esse prazer se mantenha por aqui.
    Quanto à carla camurati, gosto muito do trabalh odela, especialmente a direção de Copacabana...

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  3. Pois é, o blogger ficou fora do ar na quinta e na sexta. Quando voltou seu comentário sumiu. E também outros tantos de um outro blog que eu tenho.

    Bizzaro, não?

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